Nós, Mulheres e Homens europeus, incluindo biscainhos, naturais do Couço, de Coruche ou de outra freguesia do concelho, que acreditamos nos valores da liberdade, da igualdade e do direito de expressão não podemos deixar de nos congratular com a nossa Europa (ainda que concordemos ou não com a Constituição!) que acabou de fazer recuar Ancara, à última hora, na prossecução de políticas profundamente retrógradas e atentadoras dos mais elementares direitos do ser humano.
A Turquia é um país que se encontra neste momento em negociações com a U.E que visam a sua entrada no espaço-comumitário.
A Turquia é um país pobre e de maioria muçulmana que usa a aliança na NATO e o proteccionismo americano em seu favor para uma entrada na U.E.
De há dias para cá falava-se que a Turquia iria hoje aprovar uma revisão Código Penal que iria reintroduzir o adultério como delito passível de pena de prisão que já tinha sido abolido em 1996 para homens e em 1998 para mulheres (vá-se lá saber porque é que as desgraçadas foram criminosas até mais tarde
)!
Graças às pressões Diplomáticas da EU Ancara acabou por recuar sob pena de ver o processo de adesão à Comunidade ainda mais adiado.
Seria muito mau se admitíssemos como igual um país onde as disposições religiosas se sobrepõem aos direitos humanos.
A revisão do Código inclui ao que parece uma revogação das práticas de tortura como forma de amenizar algumas vozes mais críticas o que por si só é positivo independentemente das motivações serem meramente políticas e (suspeito) nada genuínas.
A verdade é que este processo de inclusão da Turquia no espaço europeu pode revelar-se uma arma fundamental, não na descaracterização cultural daquele país, mas num processo que leve à melhoria de condições de vida das populações daquele país incluindo os Curdos.
Aqui fica uma transcrição que explicita bem a situação da nação curda em território turco e com a qual não podemos deixar de nos solidarizar e esperar que no futuro a EU não cale a revolta de todos nós em nome de uma pseudo-estabilidade na região e de interesses maiores dos americanos.
A RESISTÊNCIA CURDA NA TURQUIA
A resistência curda na Turquia, liderada sobretudo pelo PKK, tem aumentado nos últimos anos, tanto no campo político-militar, como na defesa dos costumes e tradições do povo. É claro que sua luta representa um factor de instabilidade em toda a região. A Turquia pretendeu fazer aquilo que Saddam Hussein tentou e não conseguiu destruir o PKK e, com isso, angariar novos trunfos para suas tentativas de integrar a União Europeia.
As forças políticas curdas legais estão quase desaparecidas na Turquia. O Partido Trabalhista do Povo (HEP) foi proibido em 1993, e o Partido da Democracia, sucessor do HEP, também foi proscrito. Muitos de seus dirigentes estão presos ou exilados. A tortura de prisioneiros curdos é amplamente utilizada, tendo sido denunciada por várias organizações internacionais de direitos humanos.
A resistência armada conta com aproximadamente 20 mil guerrilheiros, 200 mil milicianos e quase 5 milhões de simpatizantes. Também melhoraram suas ligações com as organizações populares urbanas, os exilados e a oposição turca.
Desde 1989 a Turquia utilizou, pelo menos em 29 ocasiões, armas químicas contra os redutos curdos nas montanhas, na tentativa de exterminar a guerrilha do PKK. Nos últimos 4 anos, esta guerra produziu uma média de 2.500 vítimas anuais, entre soldados, guerrilheiros e civis, estes últimos os mais afectados. Em 1995, 35 mil soldados turcos voltaram a fustigar as áreas controladas pelo PKK no Iraque. Por ser país membro da OTAN e aliado dos EUA, a Turquia nunca sofreu qualquer tipo de sanção internacional.
Apesar do elevado número de mortos, esta guerra aparece muito pouco nos meios de comunicação
internacionais e quando é veiculada, prevalece a versão turca. O silêncio cúmplice do mundo ocidental é um dos principais incentivos para o governo turco continuar massacrando a população curda.
In
http://www.geocities.com/ibnkhaldoun_2000/curdistao1.htm P.S: No título do artigo faz-se referência à mediática Amina Lawal, condenada por adultério à pena de morte (por delapidação) na Nigéria, que já foi posta em liberdade devido a um movimento cívico de protesto a nível mundial.