A Câmara de Coruche considera que o asfaltamento da artéria que serve Biscainho e Foros da Charneca não é prioritária.
A rua de Montemor, que serve as povoações de Biscainho (Coruche) e Foros da Charneca (Benavente), está por alcatroar há vinte anos. São 1.600 metros de estrada de terra batida onde moram cerca de 20 famílias. O asfalto parou no limite do concelho de Benavente, em Foros da Charneca, como terá ficado acordado entre as duas autarquias em 1985. À Câmara de Coruche caberia concluir aquele trajecto que pertence ao Biscainho e que desemboca na EN 119. Só que até à data tal não aconteceu.
Em 2003, foi apresentado na Câmara de Coruche um abaixo-assinado com cerca de 400 assinaturas de moradores e utilizadores habituais da rua que narrava os incómodos e perigos daquela via.
Segundo Fernanda Silvério, moradora do número 84, a poeira no Verão e a lama no Inverno são cenários habituais. Os tractores são as únicas viaturas que ali parecem circular à vontade, o que não impede que carros e motos de quatro rodas acelerem, levantando nuvens de poeira. As valetas têm, em certos pontos, quase um metro de profundidade.
Já reunimos inclusivamente com o presidente da Câmara de Benavente que se mostra disponível para fazer mais, pavimentando cerca de metade da rua, até ao limite das casas de Foros da Charneca, salienta Fernanda Silvério, adiantando que estará em causa uma verba de 120 mil euros a suportar pelas duas autarquias.
Os moradores dizem já ter falado com o presidente da Câmara de Coruche e com a vereação para os sensibilizar, mas viram negada a pretensão com a razão de que não havia dinheiro. Adiantaram também que não basta uma máquina ir de tempos a tempos para alisar a estrada.
Paulo Costa, que ali mora, faz mais sete quilómetros diários para se deslocar para o trabalho, em Benavente, evitando a passagem na rua, que danifica amortecedores, inutiliza filtros de ar e projecta pó para as casas que ficam à beira.
Luís Sebastião, proprietário do restaurante Inovação Biscainho, também se sente prejudicado com o estado da rua - pela poeirada e pelo menor número de clientes. Há tanto dinheiro a ser mal gasto na vila que não se percebe que não haja uma quantia para pavimentar esta estrada, acusa.
Pela Câmara de Benavente, o vice-presidente Carlos Coutinho (CDU) referiu a O MIRANTE que a autarquia já fez a sua obrigação, pavimentando parte da rua que lhe competia, cabendo a Coruche, se o entender, fazer a sua parte. Mas afirmou que, em nome dos interesses das populações de ambas as localidades, a autarquia está disponível para colaborar nos trabalhos, uma vez que a rua também serve os Foros da Charneca.
Visão contrária tem o presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes (PS), que diz desconhecer qualquer acordo ou projecto que as duas autarquias tenham assente no passado, ou qualquer contacto recente da Câmara de Benavente.
Não está nos planos da câmara fazer uma intervenção na rua de Montemor este ano e não consideramos que seja fundamental. Ao contrário da rua dos Olhos de Água, que poderá vir a ser infraestrutrurada este ano, esclareceu o autarca.
Dionísio Mendes avisou que só se irá avançar para quaisquer pavimentações após a realização de obras de saneamento básico, considerando ser bem mais importante a construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que sirva os Foros da Charneca e o Biscainho.
Texto de Ricardo Carreira in
O Mirante