Querem apostar que a lista do PS candidata à Freguesia do Biscainho, vai ser composta inteiramente pelos senhores que foram candidatos nas últimas eleições da Freguesia, pela lista da CDU?
Querem apostar que a lista do PS candidata à Freguesia do Biscainho, vai ser composta inteiramente pelos senhores que foram candidatos nas últimas eleições da Freguesia, pela lista da CDU?
Quanto mais ouvimos e falamos com os trabalhadores e as populações, quanto mais escutamos as suas preocupações e dificuldades, quanto mais conhecemos o país real, o país do desemprego, dos baixos salários, do trabalho precário, o país das pensões de miséria, dos preços altos, das dívidas aos bancos que sufocam as famílias, o país das milhares de pequenas empresas arruinadas, o país dos milhões e milhões de euros de lucros dos grandes grupos económicos, dos ricos cada vez mais ricos, dos benefícios e paraísos fiscais, mais sólida se torna a convicção da necessidade de uma ruptura com a política de direita que há 33 anos tem sido imposta ao país.
Temo-lo dito e afirmamo-lo novamente, a crise do capitalismo que atinge hoje o país, apenas veio evidenciar a fragilidade económica e a degradação social provocada por anos a fio de alternância entre PS e PSD, com ou sem CDS, sempre no mesmo rumo de injustiça e declínio nacional.
Os últimos quatro anos confirmam isso mesmo. Um país mais desigual, mais injusto, mais dependente e menos democrático. Um país com menos produção, com aumento da dívida externa, com o agravamento dos défices estruturais na energia, na agricultura, na ciência e tecnologia e que no plano social enfrenta hoje uma das mais dramáticas situações desde o 25 de Abril.
Uma realidade que confirma o falhanço de todas as promessas do PS e a sua opção de classe no favorecimento dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros. Grupos económicos que, num quadro de agravamento brutal da situação económica, alcançaram lucros fabulosos que são um insulto para quem vive com baixos salários e pensões, para quem tem empréstimos à habitação para pagar, para quem tenta fazer sobreviver as suas pequenas empresas.
Anos de sacrifícios para os que menos têm e menos podem. Anos que ficaram marcados pela destruição de serviços públicos, pelo ataque sem precedentes aos direitos dos trabalhadores, pela alteração para pior da legislação laboral. Anos de ataque à Escola Pública, de destruição do Serviço Nacional de Saúde, de ataque à segurança social com a redução do valor das pensões. Anos de arrogância e prepotência na acção governativa, de inquietante regressão do regime democrático expressa em inúmeras tentativas de limitação de liberdades e direitos democráticos.
E que tal uns pontos nos ii’s? _ Se os socialistas europeus quisessem «mudar de paradigma», como diz a minha amiga Ana Gomes, apresentariam um candidato próprio à presidência da próxima Comissão Europeia. Deste modo, davam, pelo menos, um sinal convincente aos eleitores. Com efeito, não é fácil convencê-los de que querem mesmo «mudar de paradigma» se acham muito bem que a União continue amarrada a «um rosto do passado», como sintetizou Mário Soares.
É para o caso irrelevante que não sejam os partidos, mas os governos quem propõe o candidato a presidente. Os socialistas podiam ter um nome que desse rosto à tal «mudança de paradigma», independentemente da sua posterior viabilidade. Sucede que os líderes socialistas não quiseram seguir por esse caminho. José Sócrates explicou porquê: eles acham que «Durão Barroso fez bom trabalho». Esta não é sua opinião pessoal, mas uma avaliação partilhada pelos seus congéneres em Espanha, no Reino Unido ou na Alemanha. Estão, aliás, bem acompanhados: toda a direita europeia, da ponta de Sagres à mais recôndita ilha do Báltico, pensa rigorosamente do mesmo modo. Quem engana quem?
Não foi a primeira vez que José Sócrates elogiou os ofícios de Durão Barroso. É uma posição de partido e uma posição de Estado, de resto comunicada aos eurodeputados portugueses como uma «prioridade das prioridades». Nos assuntos de Bruxelas, não se brinca em serviço. Com excepção de Sarkozy – que gostaria de ver o seu primeiro-ministro a presidir à futura Comissão – todos os ‘grandes’ torcem por Barroso. Porque ele é duro? Ou porque, embora Durão de nome, é substantivamente dócil? O leitor que conclua por si. Dir-me-ão: mas também é apoiado pelos médios e pelos pequenos. Porque esperam que ele os defenda dos grandes? Ou porque, conhecendo os cantos à casa e habituados a disputar arduamente os seus restos, todos preferem estar com quem ganha, a arriscarem «mudanças de paradigma»?
Conclua, sabendo que Portugal está longe de ser o único ‘bom aluno’ da confraria.
O slogan que o PS lançou para as europeias é, a esta luz, bem sintomático. Não porque lhe falte o verbo ou porque seja possuído pelo gongorismo dos plurais majestáticos de assinatura singular. Isso é lá com os publicitários. O que o transforma num verdadeiro programa é a sua própria vacuidade. Ele é o europorreirismo em acção, um cancro que se tem revelado tão pernicioso a um projecto europeu democrático e social quanto o eurocepticismo de recorte nacionalista.Devia ter escrito – mais pernicioso. Porque o nacionalismo se reforça na exacta medida em que os ‘porreiros’ só se lembram dos europeus quando deles precisam. Ou já se esqueceram que somos tão europeus para as europeias, como pacóvios e ignorantes para nos pronunciarmos em referendo sobre o próprio futuro da Europa?
Foram salvas as minas de Aljustrel. Foi salva a Fábrica Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha. No primeiro caso pela Martifer, no segundo pela Visabeira. No que respeita às minas, pelo menos, o próprio primeiro-ministro fez declarações a anunciar as negociações com os compradores.
Por outro lado, na área da comunicação social, o novo diário do Grupo Lena – grupo conhecido essencialmente pela sua actividade na área da construção – dá os primeiros sinais.
Ou seja: várias empresas com expansão relevante diversificam as suas actividades para áreas surpreendentes – e até aqui não previstas nem anunciadas nos respectivos planos de actividades.
Noutro âmbito, a Caixa Geral de Depósitos anunciou um novo banco com a Sonangol, sendo Francisco Bandeira apontado como o novo presidente. Tal como é presidente do nacionalizado BPN. Por sua vez, Armando Vara foi dado como o novo presidente do Millenium BCP de Angola.
Quanto à Venezuela, o ministro Manuel Pinho vai assumindo a liderança das operações, com inovadoras oportunidades para sectores como o das conservas – e, até há dias, o da construção de casas para população ainda residente em bairros de barracas.
O estilo de governação deste Partido Socialista é muito intervencionista, muito dirigista, muito próximo da dinâmica empresarial.
Por isso mesmo, é essencial a actividade reguladora e de supervisão nos diferentes domínios de actividade.
Foi recentemente noticiado que o titular da Entidade Reguladora da Concorrência é bem próximo do ministro da Economia. Acreditemos que é independente e que sempre o será.
Já a Entidade Reguladora da Comunicação Social suscita preocupações, pois tem tomado posições demasiado alinhadas com o ministro que lida com essa área. Da ERC nada se ouve, por exemplo, pelo facto de a publicidade do Estado e das empresas com capitais públicos não ser colocada em órgãos de comunicação que critiquem o Governo.
Confirma-se, por outro lado, que ficou sem efeito o concurso para a concessão de licença para o quinto canal de televisão. E sucede igualmente que, dos três canais de televisão licenciados, um é público e outro teve como presidente do Conselho de Administração um ex-ministro da Economia e das Finanças do Governo de Guterres e como administrador um quadro da banca com responsabilidades em campanhas eleitorais do Partido Socialista. E na SIC-Notícias está como comentador residente o n.º 2 do PS.
Embora noutro plano, a empresa de sondagens com mais forte posição no mercado tem como principal responsável um militante e ex-dirigente _do PS.
Quando estamos a pouco mais de mês e meio das europeias e todos os outros partidos já apresentaram as suas candidaturas e entraram em campanha, o que espera a líder do PSD para divulgar o seu candidato e mobilizar o partido para umas eleições que, à partida, eram as que ofereciam maiores condições de vitória ao PSD? Incompreensível: o desperdício de tempo, a falta de iniciativa, a ausência de visão política. O que tolhe a líder social-democrata? Que o candidato lhe faça sombra? Ou, depois da desastrosa estratégia do silêncio, chegou a táctica da paralisia partidária? Curiosamente esta tarde, foi atirado para a frente de batalha, precisamente o lider parlamentar Paulo Rangel.
Já há candidato.
A aposta nas energias alternativas era uma das bandeiras deste Governo. Ora, ao fim de quatro anos, a indústria de painéis solares vive a polémica de ser afunilada para dois ou três grupos empresariais amigos do Governo. E das 15 centrais de biomassa aprovadas há três anos não há uma única a funcionar.
Um saldo desastroso.
EM POUCOS dias, José Sócrates e o seu Governo avançaram com processos judiciais contra três jornalistas do Público, contra a TVI, contra o SOL, devido à divulgação de notícias relacionadas com o caso Freeport ou matérias afins. E até interpuseram uma queixa-crime contra um jornalista do DN por causa de um normal artigo de opinião, em tom de crítica irónica e corrosiva mas não ofensiva, que terá desagradado particularmente à irritadiça susceptibilidade do primeiro-ministro. Não há memória, no passado recente, de um chefe de Governo com tão exacerbado furor punitivo contra a comunicação social e com tamanha incompatibilidade de conviver com uma informação livre e plural, sem dependências nem constrangimentos, e, por isso, inconveniente para os poderes em exercício.
Sócrates revela-se um paroquial aprendiz de Berlusconi, na sua fúria antidemocrática contra a diversidade de críticas e opiniões que ponham em causa a sua figura, os seus actos, o seu transitório poder.
MAS este passo, o dos processos em tribunal e ameaças de pesadas indemnizações, é apenas o coroar de uma estratégia de condicionamento e intimidação da comunicação social não alinhada com o Governo. Estratégia que começou com pressões directas, de Sócrates e dos seus assessores, sobre vários jornalistas por ocasião das primeiras notícias sobre a sua estranha licenciatura na Universidade Independente. Que prosseguiu com manobras de coacção e de asfixia financeira sobre patrões e empresas de media. Que se acentuou, perante a sucessão de episódios mal esclarecidos da vida e da carreira de Sócrates, com intervenções e inquéritos da ERC em oportuna convergência com as reclamações do próprio.
E que culminou agora, já em desespero de causa devido ao continuado desgaste do caso Freeport, com pressões sobre magistrados e o poder judicial acompanhadas desta chuva de processos à la carte contra jornalistas e órgãos de comunicação social.
São sinais preocupantes de intolerância face a princípios e direitos basilares da vida democrática. E sintomas de uma perigosa deriva para o autoritarismo. Não era Mário Soares que falava dos riscos da «ditadura da maioria»? Mas é fácil e barato pôr acções intimidatórias em tribunal, para quem não suporta as custas dos processos e os honorários dos advogados. Sócrates e a sua maioria controleira decidiram, agora, usar advogados como novos coronéis do lápis azul da censura. Pagos, como dantes, pelo Estado.
(enviado por Em Directo)